Quem foi Carolina Michaelis
Talvez você já saiba quem foi Carolina Michaelis, talvez não. Provavelmente você já leu ou ouviu esse sobrenome.
— Carol Machado,4 de abril de 2019
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Talvez você já saiba quem foi Carolina Michaelis, talvez não. Provavelmente você já leu ou ouviu esse sobrenome. Henriette Michaelis, criadora da primeira versão do Dicionário Michaelis, teve nessa empreitada a colaboração de sua irmã, Carolina, no fim do século XIX.
Henriette e Carolina fazem, portanto, parte da história e da cultura da linguística lusófona. O legado que deixaram se reflete até hoje nos estudos de milhares de crianças e adultos tanto no Brasil quanto em Portugal.
O dia 8 de março é um marco para que relembremos grandes mulheres da história. Por isso, hoje quero celebrar os feitos e o trabalho dessa proeminente linguista que, até onde vai meu conhecimento, não é tão notabilizada no Brasil.
“Não tenho biografia. Gastei a minha vida a estudar: In angello cum libello.”
A linguista Carolina Michaelis
Carolina nasceu em 15 de março de 1851, em Berlim. Dos 7 aos 16 anos frequentou na mesma cidade uma escola só para meninas. A adolescente Carolina, por sua vez, já mostrava inclinação para o estudo de línguas e literatura ao traduzir do espanhol o “Nuevo Testamento” com apenas 14 e publicar trabalhos sobre literatura italiana e francesa aos 16 (Brandão, 2017).
No entanto, nessa época a vida não era fácil para as mulheres que queriam seguir na carreira acadêmica; a admissão ainda lhes era proibida nas universidades. Por isso, Carolina continuou seus estudos como autodidata, em casa, sob a orientação de Carlos Goldbeck.
Voltou-se então para as “línguas e literaturas românicas, clássicas, eslavas, semíticas” (Dicionário Histórico, 2000-2016). Aos 20, a jovem linguista tornou-se intérprete do Ministério do Interior alemão para assuntos da Península Ibérica (Instituto Camões – História da Língua Portuguesa em Linha).
De Berlim ao Porto
Pelo interesse de Carolina pelas línguas e literaturas românicas, ela acabou se aproximando, ainda na Alemanha, do escritor português Joaquim de Vasconcelos. E foi assim, por causa do casamento em 1876, que aos 25 anos seu caminho encontrou Portugal – mais precisamente, a cidade do Porto.
“Desde então, dedicou o melhor da sua atividade à investigação da língua e literatura do folclore e da civilização de Portugal, especialmente no seu período arcaico. E tem-no feito com tal competência, com tanto escrúpulo, com tanto amor às coisas da sua terra adotiva que, a todo aquele que em Portugal se serve duma pena, o seu nome impõe-se com respeito, com estima, com gratidão.” (Dicionário Histórico, 2000-2016)
Michaelis e a universidade
Não foi só em Berlim que Carolina enfrentou um mundo que não admitia a participação das mulheres no meio acadêmico. Outrora impedida de estudar em uma universidade, Carolina foi a primeira mulher a dar aulas em uma universidade portuguesa, nomeadamente a Universidade de Coimbra, como professora convidada.
Em 1911, a doutora honoris causa pelas universidades de Friburgo, Hamburgo e Coimbra (Boléo, 2006) conquistou também a associação à Academia de Ciências de Lisboa, na época criticada por conceder tal honraria a uma mulher.
Por fim, merece destaque o trabalho da filóloga em prol da educação de mulheres e crianças, atuando também para a diminuição das desigualdades sociais em seu tempo.
Você pode encontrar a bibliografia completa de Carolina Michaelis de Vasconcelos neste link.
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