O problema do “mesmo”
Neste post, deixarei o Cegalla e o Cláudio Moreno falarem por mim.
— Carol Machado,18 de junho de 2019
Existe muita birra com o uso de "o mesmo" e suas variações em contextos que, pela norma-padrão, seria esperado o uso de pronomes pessoais do caso reto de terceira pessoa ("ele" e suas variações).
Vejamos o que dois importantes nomes dos estudos sobre a língua no Brasil nos dizem a respeito dessa expressão e quais conselhos em relação ao seu uso eles dão.
Cegalla (Dicionário de dificuldades da língua portuguesa)
"Evite empregar mesmo como substituto de um pronome, em frases do tipo:
- Não suportando mais a dor, procurei o dentista, mas o mesmo tinha viajado.
- Não dê carona a pessoas desconhecidas, porque as mesmas podem ser assaltantes.
- Os donos dos armazéns se obrigaram a estocar e manter os cereais em bom estado, mas os mesmos não respeitaram o contrato.
- O pescador salvou o náufrago e ainda ofereceu ao mesmo a sua cabana.
No primeiro exemplo, fica melhor: mas ele tinha viajado. No segundo, pode-se dispensar as mesmas ou substituir pela expressão elas. No terceiro, substitua-se os mesmos por eles. No exemplo final, troque-se ao mesmo pelo pronome lhe: e ainda lhe ofereceu a sua cabana."
Cláudio Moreno no Guia prático do português correto (vol. 3)
"(...) errado não está (...). Dos muitos recursos que o nosso idioma oferece para a anáfora (referência a algo que já foi mencionado anteriormente - no caso, o elevador), esse emprego do mesmo é talvez o mais pobre e o mais confuso. Por que não escrever, em bom vernáculo, "Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar."?
O que acham do assunto? Muito barulho por nada ou tem algum fundamento?