Trocando seis por meia dúzia
Como lidar quando bate aquela vontade de alterar algo no texto que não está exatamente errado?
— Carol Machado,26 de junho de 2019
Às vezes nos chegam bons textos, de redatores caprichosos — sim, eles existem! —, aqueles textos com pouquíssimas alterações. Aí vem uma vontade quase incontrolável, uma coceira, um desespero do revisor com poucas emendas no trabalho, uma vontade de alterar aquilo que até está correto, mas ficou meio “feinho”.
Sinônimos
Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não
sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.
(Mario Quintana)
Acho que todo mundo que trabalha com revisão já se perguntou qual é, afinal de contas, o limite do revisor. E isso, com o tempo, vemos que varia muito. Quando fazemos uma preparação de originais ou um copidesque, a liberdade para alterar vai mais além do que quando somos contratados para uma revisão de texto.
(Veja mais sobre a diferença entre revisão de texto e preparação de originais.)
Mas sabe qual é o maior problema de alterar o que está certo? Você pode acabar se esquecendo de alguma alteração fundamental. Aquele pastelão que de jeito nenhum poderia ter passado pode ficar lá enquanto você se preocupa com o que estava certo. Imagina o horror?
Tem também a questão do estilo. Cada um tem seu jeitinho de escrever, sua identidade. Tirar isso de um texto é como tirar a alma dele. Percebe quão delicado é revisar? Como revisar bem um texto e ainda assim não retirar aquilo que o define como autoral?
Do Estilo
O estilo é uma dificuldade de expressão.
(Mario Quintana)
Claro que o limite do revisor é sempre estabelecido por aquilo que foi acordado com o autor ou editor do texto. Às vezes, o cliente quer e precisa de alterações mais profundas no texto. Às vezes, não. Tudo é uma questão de diálogo e experiência de ambas as partes.