Revisão de tradução | Áreas da revisão

Todo 28/3 é especial. Este ano comemoramos ouvindo profissionais de que trabalham com revisão de tradução.

,5 de fevereiro de 2022

Em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser: feliz dia, revisores! Para comemorar nossa data e com o intuito de ampliar os horizontes aqui no Revisão para quê? — o que pretendemos fazer ao longo do ano —, hoje temos convidados muito especiais que vão falar um pouco sobre como é revisar em agências de tradução.

Não dá para negar que muitos de nós começamos na revisão por ter um amor em comum: livros. Mas isso não nos impede de conhecer outras áreas e encarar nosso trabalho por novos ângulos. Afinal, o que temos a perder?

Onde trabalham tradutores e revisores de tradução?

Assim como muitos daqueles que prestam serviços para em editoras, grande parte dos tradutores que trabalham para agências de tradução o fazem remotamente, na maioria das vezes em seus home-offices, e poucos têm a chance de estar todos os dias dentro dos escritórios.

O trabalho remoto tem suas vantagens, sem dúvidas, mas a principal desvantagem é que, mais cedo ou mais tarde, o tradutor freelancer acaba perdendo a noção da integralidade do processo.

Por exemplo, um projeto pequeno de 300 palavras pode envolver um gerente de projetos, um revisor, um engenheiro de localização e um profissional de editoração eletrônica, além do tradutor. E, claro, a participação de cada um desses profissionais terá seus próprios desdobramentos.

Que ferramentas específicas o revisor precisa conhecer?

O processo de revisão não envolve apenas o conhecimento do idioma (mais uma vez, essa é somente uma das peças do todo), mas discernimento para propor correções pertinentes, paciência para trabalhar textos de baixa qualidade e muito tato para enviar feedbacks, principalmente quando não são agradáveis.

De certa forma, revisar um texto é acessar a intimidade de quem o traduziu, e expor as fraquezas de alguém em um nível tão pessoal é tarefa que exige muita, mas muita, sensibilidade.

Revisar um texto é acessar a intimidade de quem o traduziu.

Por si só, esse arcabouço de responsabilidades intransferíveis já deposita um bom peso sobre nossos ombros.

Diante disso, por que não confiar tarefas mecânicas e repetitivas à tecnologia? Por exemplo, se você se esqueceu de trocar pontos por vírgulas nos separadores de milhar, se não percebeu que o tradutor usou a mesma frase para traduzir originais diferentes, ou se não viu que o termo X foi usado no lugar do termo Y que estava no glossário, algumas ferramentas podem ver isso por você.

Uma ótima ferramenta de verificação é o Xbench, e o Bruno já até gravou algumas instruções básicas. A instalação é rápida, você aprende a usá-lo em minutos e ele certamente vai enxergar vários detalhes que seus olhos, por mais atentos que sejam, vão deixar passar.

O Verifika também segue essa linha, mas tem um período determinado de avaliação gratuita. Para feedbacks, uma opção interessante é o Change Tracker, que gera um relatório em formato de tabela com tudo o que foi modificado no texto. E, para empresas que buscam um procedimento mais robusto de avaliação, vale a pena dar uma olhada no TQAuditor.

Em suma, automatize tudo o que puder. Computadores não sentem sono, não se cansam nem se distraem, então se aproveite disso. Treine uma ferramenta, alimente-a com checklists e expressões regulares, inclua dicionários… use e abuse. Tudo isso combinado com um procedimento pessoal de qualidade pode fazer milagres pelo seu trabalho.

A importância do trabalho em equipe e da comunicação

Se fizermos um recorte do trabalho de tradutores e revisores, existem pelo menos três etapas (as famosas TEP – Translation, Editing e Proofing). Além disso, há entregas parciais, avaliações, planilhas de dúvidas, consultas esporádicas e avaliações de qualidade. Enfim, os tradutores são parte de um todo muito maior e mais complexo. Quem trabalha sozinho em casa pode ter dificuldade de alcançar essa percepção.

Para que esse grande mecanismo de coletividade funcione sem danos, é importante abastecê-lo com dois combustíveis essenciais: comunicação e entendimento.

O mediador da comunicação nas agências é o gerente de projetos, assim como os editores em projetos literários. No entanto de nada adianta a comunicação sem que haja o entendimento de sua importância. Em outras palavras, um projeto nas mãos de um gerente ou editor que não compreenda a importância das boas habilidades comunicativas está fadado a tropeços.

De nada adianta a comunicação sem que haja o entendimento de sua importância.

O mesmo acontece com tradutores e revisores. Se o tradutor não entende a importância de contar com uma boa revisão, a qualidade do projeto pode ficar comprometida. Se o revisor não procura conhecer o caminho do tradutor para tomar decisões no texto, a comunicação fica ineficiente. Simples assim.

E o que acontece quando uma das peças desse mecanismo não existe? E quando a agência não tem um procedimento consolidado de revisão? E quando os tradutores não podem contar com um bom revisor?

O TransMit

O Projeto TransMit surgiu em uma tentativa de responder essas perguntas, e até agora estamos pensando nas respostas. Em 2016, constatamos que 100% dos tradutores atendidos simplesmente não recebem feedbacks, ou recebem feedbacks vagos demais.

Esses resultados fizeram surgir outras perguntas: por que isso acontece? Será a falta de revisores qualificados no mercado de tradução? Será a falta de interesse das agências em investir nos procedimentos de qualidade?

Ainda não temos todas as respostas para esse turbilhão de dúvidas, mas nada nos impede de arregaçar as mangas e contribuir para mudarmos esse cenário. Por isso gravamos um vídeo com algumas reflexões sobre o assunto e preparamos um presente especial para revisores e tradutores. Clique abaixo e descubra o que é!

Quero conhecer os presentes!

Conheça os autores

Mitsue Siqueira — chocólatra formada em Letras (Português-Inglês) pela UFF. Como Language Specialist na Ccaps, está sempre em contato direto com os tradutores, mas também adora conhecer pessoas nos congressos e grupos de tradução. Nas horas vagas, coordena o Projeto TransMit, iniciativa que busca minimizar as dificuldades mais comuns de tradutores (iniciantes ou não) no mercado de trabalho.

Bruno Fontes — engenheiro de localização há 15 anos, trabalha em agências de tradução desde que se entende por gente e é gerente de projetos na Ccaps. Nas horas vagas, desenvolve ferramentas, monta procedimentos automatizados e cria macros de tudo o que vê pela frente. No TransMit, além de gerenciar projetos, oferece treinamento especializado de ferramentas de tradução, o TransMit Tools.


Escrito porRevisão para quê?,
em5 de fevereiro de 2022.
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