Revisão de textos acadêmicos: o que esperar desse e-book?

Com 10 capítulos e mais de 200 páginas com dicas e respostas a dúvidas e inseguranças que afligem revisores e estudantes, Revisão de textos acadêmicos é um passo inédito na disponibilização de conteúdos de qualidade para revisores iniciantes.

— Allan Moraes,8 de maio de 2020

Toda revisora sabe que estudantes são escritores… peculiares. Não é que eles tenham um estilo refinado, ou tenham contribuído para a riqueza lexical, expressiva e estética da última flor do Lácio, ou porque escreveram e se dedicaram àquele longo trecho de prosa chamado TCC com o sonho literário de ganhar um Jabuti.

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Um pouco sobre a relação da revisora com o cliente de revisão de textos acadêmicos

Para nós revisores, estudantes e pesquisadores são clientes peculiares porque (se os estudantes me permitem) não se importam muito com as boas práticas de publicação de um texto escrito. Ou não têm um olhar para isso. Ou não têm prazo. Ou não têm paciência – vamos admitir.

Claro, muitos são pesquisadores sérios e parecem não ter limites quanto a compulsões com redação acadêmica e normalização, acordando a revisora com uma mensagem às duas da manhã perguntando se na lista de referências o correto é usar algarismos arábicos ou romanos nos títulos de trabalhos apresentados em congressos e eventos científicos.

(Pode respirar por enquanto. Vou falar de compulsões de tirar o fôlego mais adiante.)

Alguns (boa parte dos bons clientes, acredite) serão organizados e atenciosos, deixarão a revisora melhorar o trabalho e ficarão aliviados ao receber a dissertação revisada entendendo que o trabalho dela ajudou não só a conquistar aquele dez da banca, mas também a entregar ao leitor e aos pesquisadores um material realmente útil para a área.

E entregar ao leitor um material útil e agradável de ler é o sonho de toda revisora. É por isso que gostamos do que fazemos, seja ao revisar uma revista, um site, legendas, livros ou um TCC. É por isso que criamos negócios pensando em conquistar clientes.

Uma reflexão aprofundada sobre o papel da revisora na produção acadêmica

Tratando de questões como o contexto da produção acadêmica no Brasil, os desafios iniciais do revisor de textos acadêmicos e como planejar seu negócio, Revisão de textos acadêmicos traz 10 capítulos que propõem reflexões sobre profissionalismo, métodos, ética e relação com o estudante, seu cliente. Sempre tendo no horizonte a ideia de que um bom material sobre revisão de textos não poderia deixar de tratar exatamente disto, do relacionamento revisor-autor.

No entanto, só é possível melhorar aquele longo trecho de prosa chamado TCC quando o estudante também ajuda a revisora. É por isso que outro objetivo do Revisão de textos acadêmicos é falar de boas práticas editoriais.

Para o estudante e o pesquisador, as dicas de autoedição ao longo do livro têm como objetivo formar pesquisadores e escritores mais sensíveis a processos e práticas editoriais não só agora, quando precisam da nossa ajuda com ABNT, mas também no futuro — como redatores, jornalistas ou até mesmo como pesquisadores com uma longa e renomada carreira acadêmica (além de muitos livros revisados por nós, assim esperamos).

Revisão de textos acadêmicos é só o início

Muitas revisoras trabalharão com TCCs, dissertações e teses durante um bom tempo (às vezes durante a carreira toda; afinal, qual revisor não curte um frila?), mas sabemos que boa parte de vocês também sonha em ter nas mãos provas impressas para enchê-las de sinais de revisão feitos com todas aquelas canetas coloridas e post-its e materiais de papelaria que você coleciona desde pequena; outras sonham em editar originais em Word de livros de gastronomia traduzidos do francês; outras em contatar aquela autora de livros de terror e fantasia que até já virou série famosa para tirar uma dúvida sobre um novo contrato editorial… Nem preciso falar mais, né?

Nós também gostamos de livros e sonhamos em trabalhar com eles sempre. Foi pensando nessa dúvida onírica de revisores iniciantes (“Já tenho uma boa experiência com revisão de trabalhos acadêmicos. Como posso começar a revisar para editoras?”) que redigimos muitas das seções mantendo em mente que precisamos direcionar vocês também no caminho das boas práticas editoriais. Ao tratar das diretrizes, regras e normas da ABNT como um ‘primeiro manual de redação e estilo’, revisores iniciantes poderão entender na prática como lidar com elas beneficiando o leitor.

Revisão de textos acadêmicos: um primeiro passo na sua carreira

Falando menos de sonhos e livros e mais de trabalhos acadêmicos, precisamos lembrar um fato: a revisão de textos acadêmicos, como diz a Carol, é a porta de entrada no mercado de trabalho para muitos revisores. Estudantes precisam dessa ajuda, e revisores iniciantes não poderiam ter um tipo mais ideal de cliente com quem aprender a se profissionalizar e a errar também.

Porque errar é o maior pesadelo de todo revisor iniciante. Um medo que para muitos chega a ser paralisante. Assim, ao trazer um capítulo que trata da relação da revisora com o texto, discutindo tarefas, limites de intervenção na revisão e na formatação, distinção entre sugestões e alterações (e o que pode ser malvisto por orientadores e universidades), esperamos esclarecer a relação revisora-estudante fornecendo critérios sólidos para que você possa avançar e começar a trabalhar no texto dos seus clientes sem ansiedades, inseguranças ou medo de causar danos.

Mas vamos avançar sempre com calma — por isso também pensamos em limites.

• Até que ponto é mais vantajoso sugerir ou alterar diretamente o texto?
• Quando atualizar citações?
• E se o texto precisa de mais intervenções do que o combinado?
• Aquele problema que faz um geladinho correr pela espinha só de imaginar: o que fazer quando o estudante reclama por ter recebido uma nota menor da banca por causa de ‘erros’?

Respondemos a essas dúvidas com dicas de boas práticas que com certeza ajudarão a estabelecer limites na relação revisora-estudante.

Não fugimos do fantasma do plágio

Quando o alarme de plágio soa, por exemplo, a revisora tem pouca ajuda, assim como o estudante. Por isso, em vez da abordagem impessoal, alarmista e punitivista, trazemos um capítulo sobre o tema propondo um debate aberto e honesto sobre plágio: tipos, origens, exceções, exemplos e dicas para identificá-lo. Tudo isso para, quem sabe, começarmos a acabar de vez com o tabu em torno do tema.

A proposta não é denunciar, mas educar e ajudar o estudante. Também discutimos se é obrigação da revisora identificar plágio e o chamado ‘plágio pelo revisor’, isto é, o limite ético de intervenções que evita que a revisora se torne coautora do trabalho, bem como quando contatar o estudante e como encontrar junto dele uma solução para o problema.

Soluções práticas? Temos!

Algumas de vocês talvez se preocupem menos com o texto e mais com soluções práticas que ajudem a poupar tempo. Quando não automatizadas, formatação e normalização são as etapas de revisão de TCCs que, podem tomar um tempinho.

Dessa vez não trazemos dicas e tutoriais sobre formatação, até porque o formato e-book não é o ideal para isso, mas revisoras iniciantes agora têm:

• dois capítulos recheados com dicas sobre normas (e uma lista prática de normas);
• apêndices com modelos dos elementos básicos de um trabalho acadêmico (capa, frontispício, página de aprovação etc.); e
• dicas gerais que ajudarão a esclarecer semelhanças e diferenças entre os elementos de monografias, dissertações, teses e artigos científicos.

Ainda quanto à normalização, um capítulo com dúvidas e exemplos detalhados ajudará a mostrar até onde normalização é importante e modos de seguir as normas evitando compulsões improdutivas. Como copidesque sobrevivente de guerra e de fogo amigo de muitas batalhas editoriais, combater essas mesmas compulsões (estilísticas, gramaticais, linguísticas, de normalização etc.) ultimamente tem sido minha compulsão.

Ninguém sabe tudo de ABNT

Em relação a trabalhos acadêmicos, creio que nossa melhor arma é esta: ninguém sabe tudo de ABNT (acho que daqui consegui ouvir um suspiro coletivo de alívio). Nosso objetivo foi mostrar que normalização é importante, claro, mas que também é possível seguir as normas e criar referências completinhas e úteis para o leitor e o pesquisador sem sermos engolidos por paranoias que minam nossa produtividade.

Exemplos e formatações incomuns

Além de exemplos de referências e citações de documentos mais tradicionais, como livros, artigos em publicações periódicas e matérias jornalísticas, decidimos ser mais osados e tratar de dúvidas incomuns, mas inevitáveis: como e quando (e se é realmente necessário, claro) usar o fio que substitui o nome dos autores numa referência? É adequado usar ‘s.d.’ (‘sem data’) em citações de documentos sem data? Como indicar a paginação de e-books?

Principais dúvidas e tarefas da revisora de textos acadêmicos

Desde o primeiro plin! no zap com estudante pedindo orçamento para ontem, passando por plágio, latinismos até o pontinho usado na abreviatura de ‘et al.’, tentamos abordar as principais dúvidas e tarefas da revisora de textos acadêmicos procurando libertá-la de receios.

Acreditamos que falar sobre revisão de textos acadêmicos numa época em que a ciência e a educação estão em descrédito é mais que uma necessidade ou uma oportunidade de profissionalização: é obrigação de quem trabalha com dados, pesquisa e documentação para educar, informar e libertar.

Com o Revisão de textos acadêmicos esperamos dar um pouco mais de poder e autonomia às revisoras e trazer um pouco de luz aos estudantes. Para finalizar, meu conselho não poderia ser outro: leia — e leia ficando em casa, se puder. 😊