Três guias básicos para revisores de texto que você deve ter

Nesta série de posts de livros para revisores, descrevemos e analisamos obras que podem ser de grande ajuda no seu dia a dia.

,23 de setembro de 2019

Guias, manuais, dicionários de dificuldades e compêndios que tratam de dúvidas comuns de português, padronização, descrições e usos da língua são os livros mais básicos usados por revisores. Assim, um guia de português deixa de ser “tira-dúvidas” para se tornar um livro que é lido integralmente pelo revisor; muitas vezes até com mais atenção e interesse do que a leitura dedicada a qualquer romance.

Isso acontece quando o guia é bom, claro, e quando, além de dar prescrições, disserta sobre as “regras de português”, faz comparações entre suas conclusões e a de outros gramáticos e linguistas, bem como explica e registra usos correntes.

“ABC da Língua Culta”, de Celso Luft

Apesar de ser um guia, para os revisores, o "ABC da Língua Culta", de Celso Luft (Editora Globo, 2010), é tão recheado de excelentes prescrições (no bom sentido) e descrições que é possível lê-lo por horas sem se entediar, ou seja, é mais que um mero tira-dúvidas e pode (e deve) ser lido integralmente por todo profissional da nossa área.

ABC da Língua Culta - Celso Pedro Luft

Infelizmente, este é um livro esgotado.

No ano de seu lançamento, Cláudio Moreno, que foi aluno de Luft e cujo site Sua Língua complementa com excelentes artigos a obra de seu mestre, disse que o “ABC da Língua Culta” se tratava do “mais importante lançamento do ano”.

“Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”, de Cegalla

Quase o mesmo pode ser dito do “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”, de Domingos Paschoal Cegalla (Editora Lexikon, 3ª edição, 2011). Exatamente por serem guias, ambas as obras são bem parecidas; mas isso pode enganar à primeira vista, pois é apenas quando confrontamos as prescrições das duas obras que começamos a notar suas particularidades.

Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa da Língua Portuguesa

A mais evidente delas é que Cegalla é mais austero, menos flexível quanto a alguns usos, enquanto Luft procura apenas recomendar um uso/forma em vez de outro. Luft, por exemplo, usa expressões como “puristas condenam sem razão” ou “recomenda-se” e “evite-se”; Cegalla, por outro lado, é mais direto: “Não se usa”; “Pode-se questionar a vernaculidade”, etc.

Para que fique mais evidente a intransigência de Cegalla, reproduzo aqui uma estranhíssima conclusão que aparece na entrada “e-mail” (expressão que Cegalla condena em seu “Dicionário de dificuldades”): “Por subserviência intelectual e pouco amor à língua pátria, os profissionais de comunicação acolhem e veiculam monstrengos como esse, de pronúncia rebarbativa que violentam a fonética portuguesa”. Logo a seguir o autor também condena a expressão “em anexo”, e bate o martelo (ou bate na tábua): “Expressão condenada”.

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“1001 dúvidas de português”, de José de Nicola e Ernani Terra

Por fim, um pequeno e interessante guia é o simpático “1001 dúvidas de português”, de José de Nicola e Ernani Terra (Editora Saraiva, 2009). A edição mais comum (chamada de “versão portátil”) é em formato de bolso (literalmente) e contém 320 páginas com boa organização e diagramação, qualidades que ajudam na hora de fazer uma pesquisa rápida.

1001 dúvidas - Ernani Terra

Pelo seu tamanho, é ótimo para levar para qualquer lugar. Também traz o texto integral do novo Acordo e muitas pílulas gramaticais (uso da vírgula, dois pontos e travessão, tempo verbal, sintaxe, etc.).

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QUANDO USAR?

Como dito, tais obras podem ser usadas durante o trabalho do revisor de modo contínuo. Isso quer dizer que, como bons pesquisadores, devemos sempre confrontar e comparar prescrições como essas para chegar a um resultado mais adequado.

Revisores não são gramáticos nem autoridades da língua; revisores são como cicerones no museu das gramáticas: devem fazer o percurso entre as prescrições e os gramáticos e muitas vezes dizer a autores: “Veja bem, existem estas opções. Você escolhe a que gostar mais”.

Quando o revisor tem de escolher, deve sempre fazer isso se baseando na comparação entre autores ou, idealmente, definir, com editores, redatores e colegas, qual guia, dicionário e manual será referência e fiel da balança ao longo do trabalho de revisão.


SUGESTÕES?

Você tem alguma sugestão de obras para comentarmos aqui na coluna Livros para revisores? Mande para nós clicando aqui!


Escrito porAllan Moraes,
em23 de setembro de 2019.
Paulistano, divide o tempo entre tentar aprender línguas, livros de filosofia e o trabalho como revisor freelancer.
Foto deAllan Moraes